Isto pode parecer mais do mesmo mas é a mais pura das verdades: Simpatizei com esta rapariga desde o início. Nunca me esquecerei do dia em que, tendo nós falado uma ou duas vezes, e vendo ela que algo de errado se passava comigo, ela me mandou uma mensagem preocupada e a dizer que podia contar com ela. Essas coisas ficam guardadas na memória e no coração. Para além da simpatia, é também dona de uma beleza invulgar, exótica, e de um gosto pelos ares africanos que me fascinam. Não é rapariga de muitas palavras mas diz o que é necessário e isso basta. Quem a segue no seu Jungle Fever saberá certamente do que estou a falar.
Desta vez, consegui arrancar-lhe mais palavras do que é habitual e digo mesmo que foi um gosto não só fazer a entrevista como sobretudo ler as respostas.
Aqui fica a Sara...
Perguntas individuais
HIMA - És formada
em Medicina Veterinária. O que te levou a escolher essa área? Como é a tua
relação com os animais?
Sara - Desde que me
conheço que quero ser médica veterinária. Os meus pais estão ligados à saúde (a
minha mãe é enfermeira e o meu pai é médico) e eu queria estar também, mas não
saúde humana. O facto de um animal não
se conseguir proteger, não ter más intenções e não conseguir perceber o que se
passa ou o que lhe está a acontecer sempre me fez querer ajudar.
És de Vila
Real mas já trabalhaste em Cabo Verde e agora estás a fazê-lo no Reino Unido.
Foi uma opção tua? Consideras-te uma cidadã do mundo?
Sim, não saí
de Portugal porque “precisava” ou porque “está mau”. Detesto esse discurso e
não acredito que seja verdade. Nós não somos as
“outras pessoas”, somos um ser singular que cria e procura oportunidades
que podem existir e provavelmente estão lá. Oportunidades e convites não
faltaram em Portugal.
Fui para Cabo Verde investir e ir mais além do
que o comum na minha área, fazer tudo o que conseguisse para ter o maior
aproveitamento profissional possível - saí muito satisfeita e contente. A minha
família paterna é de lá e fazia todo o sentido investir no país, em mim e nas
minhas raízes. Foi uma experiência e tanto. A minha segunda casa.
Antes de
Cabo Verde vivi na Turquia, uma
experiência ERASMUS muito boa. Não queria o típico
país europeu para estudar. Queria uma experiência cultural muito diferente
da minha, queria contactar com outros costumes e, claro, melhorar
profissionalmente – devo dizer que consegui tudo isso.
Respondendo
à última questão: sim, considero. Quando saímos do nosso país e depois
voltamos, não tarda muito começamos a ficar irrequietos, a pensar “para onde vou a seguir?” . Foi sempre o
que me aconteceu e sempre tive necessidade de deixar Portugal para viver noutro
local – já vou no terceiro. E o melhor destas experiências todas é dar conta de
que há certas coisas, por mais pequenas que sejam, que só o nosso país nos pode
dar. Sentir falta dessas pequenas coisas e ver que pertencemos ali e que o
nosso país é realmente melhor em muitas coisas.
Associo-te
imenso à Melissa pela quantidade de calçado da marca que já mostraste no
blogue. Como começou essa paixão?
Começou em
2009 quando vi, pela primeira vez, os Lady
Dragon da Vivienne Westwood. Como é possível uma pessoa não se apaixonar
por aquele par?
Depois
deixei-me embrenhar por todas as colecções e modelos.
Quem é o teu
maior ícone de estilo?
Não tenho.
Tiro bits and pieces daqui e dali.
Assim como não tenho um estilo definido. Se gosto, compro e uso – não me abstenho
só porque não se enquadra no meu estilo.
Adoro a Nicole Warne, assim como a Solange, mas é óbvio que não adopto na
íntegra um estilo ou o outro. Adoro os anos 20 e os anos 40/50, mas nem por
isso me vão ver como uma pinup.
Foi algo com
que sempre batalhei na adolescência porque dão-nos a entender que temos que
escolher lados – se hoje estou mais girly
vou ter que ser girly forever e
essas limitações sempre me chatearam profundamente. Tenho gostos muito variados,
em todas as áreas, e é ok gostar de muita coisa.
Outra coisa
é aborrecer-me muito facilmente – aquilo a que achava piada hoje, amanhã perde
o interesse. Portanto não, não tenho nenhum ícone de estilo.
Se alguém te
conhecesse agora e te perguntasse quais são os teus maiores defeitos e
virtudes, o que lhe dirias?
Well, tough one... É muito complicado ser imparcial comigo
mesma mas vou tentar. Sou chata, bastante. E consigo ter tudo aquilo que quero,
sou um bocado obstinada em ter sucesso. Como referi em cima, aborreço-me
facilmente e posso ficar insatisfeita normalmente. Quando algo não me agrada,
não consigo disfarçar – posso não dizer o que penso, mas as pessoas ficam logo
a perceber o meu desdém. Quanto a
virtudes, sou uma pessoa muito positiva e gosto muito de comunicar, tenho
sempre opinião sobre todos os assuntos! (Isto
é difícil!) Faço questão de tentar dar a volta a todas as situações menos
boas. Gosto imenso de ajudar as pessoas.
Qual é a importância do Jungle Fever na tua vida?
É importante
pois é algo que adoro fazer. Algo totalmente diferente do meu trabalho e da
minha rotina. Eu dou muita importância às coisas de que gosto, mesmo que não
tenham um impacto ou finalidade objectiva e concreta.
Devemos fazer
sempre o que gostamos, desde as mais pequenas coisas – assim mantemo-nos sempre
contentes, felizes e positivos.
Para ti,
qual é a maior diferença entre o estilo de vida dos ingleses e o dos
portugueses?
A maior
diferença, que vejo no dia-a-dia, é mesmo os horários: é sempre tudo mais cedo.
Refeições mais cedo, festas e saídas começam e acabam mais cedo também.
Tens algum animal de estimação no Reino Unido?
Não são meus
mas vivo com dois gatos – a Molly e o Ollie.
Qual a cor
que achas que melhor te representa?
Penso que
nenhuma em concreto. Gosto imenso de rosa, castanho, preto e dourado.
Orgulhas-te
de poder dizer que és portuguesa?
Muito. Mais uma vez realço a importância de sair do
país para ver como tem coisas boas e únicas.
Perguntas gerais
Se tivesses
de escolher apenas três marcas para viver para o resto da tua vida (moda e
beleza), quais seriam?
Que
difíííícil... Melissa, Asos e Soap & Glory (brows make the face!).
De que forma é que o nome do teu blogue diz alguma
coisa sobre ti?
Ora aí está
uma boa pergunta! Nunca alguém me perguntou o porquê do nome do blogue. Jungle Fever é muitas vezes utilizado
para definir uma relação inter-racial, no fundo, uma mistura.
Eu estava em
Cabo Verde, África (onde não há selva, nem leões btw), e queria um nome que representasse directamente o africanism e, principalmente, as minhas
misturas de estilo, gosto, opiniões e, também, das minhas raízes (portuguesa,
cabo-verdiana e judaica –pick one!).
O nome fazia todo o sentido e ficou.
Diz muito
sobre mim porque sou uma mistura, como já referi: gosto de MUITA matéria, retiro
coisas daqui e dali e junto-as à minha maneira, às vezes desordeiramente.
Se pudesses
viver apenas do blogue e tivesses de abdicar de uma carreira profissional na
tua área, fá-lo-ias?
Só se o blog
fosse muito self-fulfilling e me
mantivesse muito ocupada e satisfeita. Dificilmente aconteceria porque eu
investi muito na minha área profissional e vou continuar a investir. Era
preciso ser algo muito muito muito bom e constante.
Obrigada Sara, ficou excelente! É por isto que me tem dado tanto gozo fazer esta rubrica de entrevistas.
Para a semana, temos entrevista com aquela que foi, provavelmente, a primeira blogger que comecei a seguir a sério e que é, para mim, uma autêntica inspiração.
Stay tuned...
Eu adoro a Sara, também foi uma pessoa com quem desde sempre me dei bem e senti uma ligação neste mundo que é a blogoesfera. Diria que é das melhores entrevistas que já li, por ser tão sincera e diferente! Mas a Sara é mesmo assim, e identifico-me com ela em muitos aspectos. Bom trabalho :)
ResponderEliminarObrigada, Ana. E não podia concordar mais com aquilo que dizes, ela é mesmo assim!
Eliminara Sara é uma fofinha!!! <3 adorei esta rubrica fofiti! :)
ResponderEliminarObrigada, querida :)
EliminarAdorei a entrevista é sempre muito bom conhecer um pouco mais as pessoas por de trás dos blogues que vemos todos os dias :)
ResponderEliminarPor achar isso é que decidi iniciar esta rubrica e acho que está a valer a pena :)
EliminarUm dos meus blogues favoritos, adoro-a e quem fala assim não é gago! Ótima entrevista!
ResponderEliminarAinda bem que gostaste, obrigada!
EliminarSem dúvida que este é um dos meu blogs preferidos :) ela é um doce! E não conhecia o teu blog mas estou a adorar conhecê-lo :)
ResponderEliminarA Sara é um amor!! Sem dúvida das minhas favoritas :)
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